
Steve Miller

São Francisco, CA, EUA
Steve Miller tem sido uma presença monumental na cena musical americana por mais de meio século – e, nesse período, seus lançamentos venderam dezenas de milhões de discos e foram transmitidos bilhões de vezes. Miller’s Greatest Hits 1974-78 recebeu o prêmio RIAA Diamond Award, com vendas superiores a quinze milhões de cópias, estando entre os 25 álbuns mais vendidos de todos os tempos.
No início da carreira, Miller foi um pilar da cena musical de São Francisco, que transformou a cultura americana no final dos anos 1960. Com álbuns como Children of the Future, Sailor e Brave New World, Miller aperfeiçoou um som psicodélico de blues que se apoiava nas raízes mais profundas da música americana e, ao mesmo tempo, articulava uma visão instigante sobre o que a música – e a sociedade – poderiam se tornar nos anos seguintes.
A partir da década de 1970, Miller criou uma sonoridade pop pura – inteligente, refinada, empolgante e irresistível – que dominou as rádios de uma forma que poucos artistas já conseguiram. Hit atrás de hit marcou sua trajetória: “The Joker,” "Take the Money and Run," "Rock'n Me," "Fly Like an Eagle," "Jet Airliner," "Jungle Love," “Swingtown” e “Abracadabra”, entre outros. Até hoje, essas canções são instantaneamente reconhecidas desde os primeiros acordes – e quase impossíveis de não cantar junto. Seus refrões são a própria definição de inesquecíveis.
O catálogo distinto de Miller combina virtuosismo e habilidade de composição, o que não é por acaso. Filho de pais apaixonados por jazz – amigos próximos de Les Paul e Mary Ford – recebeu influências preciosas desde cedo. Na adolescência, no Texas, mergulhou no universo do blues e, mais tarde, em Chicago, tocou com lendas como Muddy Waters, Howlin' Wolf, James Cotton e Paul Butterfield. Essa fusão de referências ainda marca sua música.
Nos últimos anos, Miller aprofundou-se ainda mais no blues e em suas vertentes. Em suas turnês de sucesso com a Steve Miller Band, intercala grandes hits com músicas menos conhecidas, expandindo a percepção do público sobre a diversidade de sua obra. Como membro do conselho do Jazz at Lincoln Center, a convite de Wynton Marsalis, tem desenvolvido uma pedagogia do blues e curado uma série de concertos explorando temas como: a ponte entre blues e jazz na obra de T-Bone Walker; os sons característicos do “triângulo do blues” (Memphis, Texas e Chicago); as ressonâncias entre Ma Rainey e Miles Davis; a música de raízes dos Apalaches; Cannonball Adderley e o Blues; além de um show autobiográfico, Steve Miller on Steve Miller.
Miller também atua como membro do comitê do Departamento de Instrumentos Musicais do Metropolitan Museum of Art, em Nova York, onde cinco de suas guitarras foram expostas na histórica mostra Play It Loud: The Instruments of Rock and Roll (2019). Foi incluído no Rock and Roll Hall of Fame (2016) e no Songwriters Hall of Fame (2022). Recentemente abriu seus arquivos pela primeira vez, lançando a box set Welcome to the Vault (2019) e o álbum ao vivo Breaking Ground Live! August 3, 1977 (2021).
O ano de 2023 marcou o 50º aniversário de The Joker – álbum nº1 nas paradas, certificado Platina pela RIAA e com o single homônimo seis vezes Platina. Para celebrar, lançou a box set J50: The Evolution of The Joker, narrando a jornada artística por trás de sua criação. Em 2024, a banda tocou para quase um milhão de fãs em turnês de sucesso, incluindo shows com Journey e Def Leppard, além da volta de Abracadabra ao topo das paradas graças ao sample usado por Eminem em seu hit Houdini.
A beleza e a imediaticidade da obra de Steve Miller – seja em sua faceta mais divertida ou mais séria – continuam palpáveis a cada audição. Sempre, quer estivesse no auge das paradas ou explorando as estradas musicais da tradição americana, sua música se manteve viva, apaixonada e precisa, dialogando com o passado, presente e futuro, com intensidade suficiente para resistir ao tempo.
— Anthony DeCurtis